29.4.07

"Tempus Fugit"

Eu ando pelo universo. Atravesso pelo outro lado e não sei onde chego; eu nunca chego. A maioria das pessoas daqui se foi, só restaram corpos. Corpos que falam, batem, beijam, choram, mas não sentem. Corpos que matam, dizem que amam e mentem. Há corpos que mais se parecem armas de combate, outros corpos já se sentem como peças de uma imensa engrenagem. Eu sou um corpo, um corpo tomado pela ferrugem.

Chaplin morreu, a Filosofia se perdeu e, no seu lugar, um outdoor apareceu. Meu jardim se encheu de cinzas.

Aquele sussurro não me deixou dormir; algo me sacudia por dentro. Pois, quanto mais o tempo passava, mais a chama que queimava em meu peito era apagada; e meus olhos ficavam mais ofuscados. É assim que acontece com todos algum dia. Até que de tão ofuscados eles se apagam e as cortinas se fecham; e a escuridão toma conta de meu corpo. Eu não sei onde vou estar quando chegar. Se chegar em algum lugar.

N. Lopes