Navego por rios escuros
Os quais nunca sei por onde vão findar.
E debaixo das pontes ouço murmúrios
Que, por vezes, insisto em ignorar.
O cheiro, o gosto e a visão daqui
Enlouquecem-me demasiadamente por noites
Solitárias em que afogo dentro de mim.
Há fumaça, há sujeira. E meu medo?
Não há. Daí nasce um perfume
Que nem todos podem notar.
Há dias nem vejo a luz.
E a noite nem é verdadeira.
A única realidade deveras existente
Não é minha existência.
A única verdade
É minha mera resistência.