Se o nada às vezes fosse tudo
Se algum dia o cego fosse mudo
Se o branco depois do pranto fosse sujo.
Se a vida fosse vivida
Se secasse a lágrima da partida
Se a infância não mais fosse perdida.
Como tudo seria se não houvesse o nada
Que graça teria chegar na hora esperada
Ou o sonho de realizar na hora sonhada.
Se o mais belo dos dias fosse escuro
Se o rogo sincero fosse nulo.
Se o amanhecer fosse eterno
Perderia tudo que há de belo.
Nem belo, nem sincero
Muito menos eterno.
Vejo-me triste, cadavérico.
Quando o sonho espero.
Autor: Nairo Lopes