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Pra quem gosta de se aventurar
De viajar, de ser feliz e se ausentar
Basta olhar nos olhos
Enlouquecer
Olhar e ver
Nada melhor que viajar nos sonhos, nos medos
Desejos e segredos de um olhar.
Nas mentiras, nas verdades
Nas vidas e vaidades
Que um olhar pode levar
Melhor que qualquer outro lugar
É repousar à tarde num olhar
Puro deleite
E à noite, adormecer
Sem medo de não acordar
Mas, caso isso aconteça
De o sonho se eternizar
Não tem olhar que não mereça
Uma lágrima a purificar.
Nairo Lopes
Um dia de chuva. Fico olhando-a pela janela. Sentindo os pingos no rosto. Frios, cortantes, acariciadores. Ouço unhas riscando o asfalto. É um cão. Vem caminhando, cabisbaixo, de focinho para o chão. Agora não mais aprecio a chuva, mas sim a tristeza que assola o pobre cão.
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres, miscigenação, morticínio -- maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matumbo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas.
Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, mercedes, motorista, mãos... Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meiágua, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda.