25.2.08

O cão

Um dia de chuva. Fico olhando-a pela janela. Sentindo os pingos no rosto. Frios, cortantes, acariciadores. Ouço unhas riscando o asfalto. É um cão. Vem caminhando, cabisbaixo, de focinho para o chão. Agora não mais aprecio a chuva, mas sim a tristeza que assola o pobre cão.

Os carros passam, as pessoas passam e ele nem sequer olha, não se esforça em levantar a cabeça, olha para a sujeira do chão. Um cão. Um velho cão, que vive do sustento dos pobres, que mendiga a sua esmola. E os calos que nele se criaram, foi porque fez da rua e da própria vida sua melhor escola.

E olhando aquele cão, que passava sem ao menos aperceber-se que eu lho queria como amigo, assobiei para que, quem sabe, ele pudesse dividir toda sua tristeza comigo. Embora o tenha chamado a atenção, ele, o cão, que se distraíra com meu chamado, não pode notar que, na rua, do outro lado, aproximava-se um caminhão. E ele, pobre coitado, nem teve a chance de comer o alimento que, há algum instante, encontrara no chão. E eu, ao ver a cena, pura ficção, ainda pensei que, ao menos, livrei o cão de sua tristeza e da solidão.

2 comentários:

  1. Maracujá,

    Já te disse o que eu penso, né!

    Te odeio.

    Hunf.

    Maracujá.

    ResponderExcluir
  2. Tó...inspiração para sair do CÃO...

    http://www.youtube.com/watch?v=bHVunygqpOk

    Abrazos!

    ResponderExcluir