A única verdade em que acredito
é a que não posso ver.
24.6.07
17.6.07
Luzes

Meu desejo repousa calado em mim
Como um rio que corre debaixo da ponte
Aguardando um vendaval que o faça transbordar
Tenho as luzes necessárias para seguir meu caminho.
Nem ao ponto de me ofuscarem a visão
nem tão poucas que me iludam com a escuridão.
Eu vejo além do caminho.
Mesmo que isso não exista
é mais bonito do que o que me ensiram a ver
É a maneira que encontrei de ser feliz.
Nairo J. B. Lopes
9.6.07
Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...
Fernando Pessoa - 24/04/1928
Extraído de: http://www.releituras.com/fpessoa_pressagio.asp
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