
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.
Paulo Leminski
http://www.releituras.com/pleminski_menu.asp
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.
Paulo Leminski
http://www.releituras.com/pleminski_menu.asp
Voltando a pensar no que mais sentia doer, não via motivo, muito menos saída para tudo que estava vivendo. Desde alguns dias, andava por um labirinto formado de espinhos e, a cada dia, os espinhos cresciam e se tornava mais difícil caminhar para qualquer lugar que fosse, pois, saída, nem acreditava que poderia existir. Os cortes e arranhões não se cicatrizavam e por onde andava uma parte de si era perdida pelo caminho.
A viagem vai começar. Tenho um segundo, antes que outros apareçam, pra descobrir o que ainda me falta. E é neste segundo que a memória me restitui um sonho antigo,recorrente, daqueles sonhos em que se juntaram todas as cores do mundo: por um lago de águas baixas, de pouco mais que um palmo de altura, avanço na direção de um Palácio, enquanto a água faz um rumor de seda rasgada. Avanço por este lago, nu, sob o sol claro, e aos lados há a mesma árvore enorme e quieta. Não sei o que isto significa, que coisas estão sendo murmuradas neste sonho, mas certamente o tempo futuro me dirá.
Nu, avançando as águas, tão simples, como uma lei que tudo explicasse.
Little Paul
No corpo cálido escorria leve e enlouquecidamente uma gota de suor. No pulsar do peito ouviu as palavras que lhe dizia o silêncio e viu coisas realmente difíceis de notar. Na melena viajou por noites e na aurora sentiu-se rei. E, ao tocar o corpo, numa passagem, sentiu em sua boca o sabor do éden. Os olhos faziam-no alucinado em uma leve e enlouquecida mente.